quinta-feira, 2 de agosto de 2007

é, João...

Era outubro. Derradeiro domingo de feriado, chovia. Lá quedava-se o João, homem simples, à porta do buteco, absorto, esperando a chuva passar para seguir a pé o caminho pós noitadas pesadas farrapos/zona norte. Nos seus dezenove anos, a descoberta: não mais sentia rodar aquele mundo zonzo que o circundava nessas situações pelo simples ato de caminhar. Agora, com quarenta e seis, não relembra suas descobertas, cumpre-as. Carrancudo, olha novamente para a rua solenemente deserta. Solta um resmungo. Adentro ao bar, está Laérsio, velho companheiro. Senta-se ao seu lado, sem dirigir palavra. Há muito, o silêncio lhes tornou rotina. Mal se cumprimentam. Um companheirismo incondicional. De repente, Laérsio olha pesaroso para João, João retribui-lhe com um olhar de estranhesa, Laérsio respira fundo:
- Eu te amo.
é... que merda, ein, João

Marcadores: ,

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial