segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Paradoxo Donald

A questão: Por que, ao sair do banho, o Pato Donald usa uma toalha na cintura se ele nunca usa calças?


O Pato Donald, famosa personagem criada pelo anedotista americano Walt Disney, é um pato - como o nome já diz, evidentemente. Certo? Não, errado. Errado desde o princípio de sua nomenclatura, de tal espantosa semelhança à 'Macabéia', famosa personagem da grande escritora brasileira Clarice Lispector. O fato é que o dito "pato" Donald, na verdade, é um marreco, ave natural do hemisfério norte - porquanto patos são restritos ao nosso hemisfério. Esclarecido este primeiro caso, tentarei ser objetivo quanto ao que tange o pudor do marreco, dito "pato", Donald.
Walt Disney, o gênio, não era mero escritor pequeno de contos infantis. A fama ao redor de seu nome não veio ao acaso. Sua habilidade ímpar em despertar a profunda reflexão acerca das questões mundanas dentre os seus semelhantes, ainda hoje, é bem conhecida. Interpretações diversas acerca do "paradoxo Donald" percorrem, incessantes, gerações e gerações, sem uma resposta que satisfaça esclarecimento. O que de fato acontece é que, dotado de tamanha capacidade intelectual, em inspirado afã de introspecção crítica, Walt Disney quis provocar a sociedade. E assim o fez, criando um ser de tamanha incoerência. Vejam bem, meus caros, um pato, que na verdade é um marreco, com feições e atitudes ora humanas, ora selvagens... é uma zomba, uma troça. Mero motejo de um velho gozador que, nos fins de seu longo fio de vida, deixou um enigma em aberto, como prima obra de uma mente brilhante.
De maneira qualquer, traduz-se a questão como sendo o equilíbrio entre duas forças opostas, uma dualidade maniqueísta que, descontente em englobar tanto, vira-se ao avesso, questionando a própria proposição em tom debochado, fazendo de sua simplória figura, um ridículo ácido da sociedade como um todo.

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terça-feira, 7 de outubro de 2008

A Mística da Garganta

Minha gargante adoece o meu raciocínio. Porque lá tem um núcleo que se liga direto ao meu sistema límbico; adoecido, me leva a uma depressão central relativa, onde minhas atitudes se tornam pesadas e reflexivas. Viro uma pesada carcaça hesitante, a cada alvitre descompassado e mal pensado. Me torno um pensador nato, incessante. Poupo energia do corpo, extravasando numa confusão neuronal desconsertante.
Desde ontem de noite me vejo acometido de um modesto processo inflamatório no local. Bradicinina pra cá, prostaglandinas pra lá, ! Ativou o núcleo! Reflexão, reflexão, instrospecção, instrospecção... questionamentos que já bem sabem os caminhos que começam, seguem, e acabam. É, e acabam, sem conclusão ou desfecho. Perguntas e mais perguntas... que não esperam uma resposta. Como que não fosse a pergunta em si, mas a sensação de confusão que se instala, me fazendo um questionador sem causa num ciclo vicioso, com a sensação que me leva à questão que me leva à ausência de uma resposta que me leva à sensação... um curto circuito.
E, de repente, o núcleo perde as forças, e cansa, e perece, e arrumo outra coisa pra fazer, com uma frustrante impressão de inútil perda de tempo.

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domingo, 5 de outubro de 2008

Metacriatividade

Na falta de um começo, começo pela escolha.
É assim na vida, é assim na arte, em qualquer coisa: um ponto. O ponto inicial independe, original; e por si origina o porvir impreciso - que, diferente da linha que se traça a tendência, do ponto abstrato se traça o infinito.

Ponto é incoerência, pois.

E daí, cá começo... num devaneio sem nexo,
Que de ponto oblíquo, vai-se a borrão abstrato
E, se vão dizer "é louco!" quando descerem o traço,
Vendo contexto em rima, sem ler parágrafo,
Eu digo: "obra-prima
É o bojo do desacato,
Um desatino no ato
Cientista que desafina."

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