quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Sobr'insentido em desficuidadecer...

Tem,
tem, por certo,
tem maior encanto qu'essa não capacidade
de se tomar por desconhecido o que que há d'especial
em se ver, afinal, perdido, e aperceber-se(r) tão banal
acontecer... sem acontecer.

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PALAVRA

Sim, é hora de compartilhar a incrível gama de profundas divagações que temos tido de conviver todos esses anos. Acredito não sermos os únicos a ficar horas e dias e meses com os insaciáveis porquês martelando a nuca como britadeiras no asfalto. Isso serve, então, a vocês, irmãos, como algo interessante... ao resto, fica como... entreterimento.

a questão: A PALAVRA
Se pararmos pra pensar - não só na palavra, mas em qualquer coisa que seja - não pensamos d'outra forma senão em palavras. A palavra domina nossas vidas. Mesmo nas ações mais instintivas do ser humano, essas sim realizadas a grunhidos, gemidos e afins, vez que outra sai ela, exuberante e esclarecedora, como verdade total acerca da situação que se passa. Sim, ela é a matrona universal, é a verdade verdadeira, é o q é... e ai de quem ousar questioná-la! Pois bem, então, voltando ao proposto, se pararmos pra pensar, acabaremos, inevitavelmente, por palavriar mentalmente... isso é fato. Agora algo interessante: perceba que qualquer conclusão que se chega é sabida antes do ato de pensar a palavra. Faz aí um testezinho... sacô? A palavra não passa de conseqüência da conclusão tirada, da questão formulada, de TUDO! ou seja, a palavra só serve pra dá uma organizada nos furundunço aí, "dá nome aos boi" - a palavra é conseqüência, e isso é bem interessante.

...também interessante é o quanto o ser humano não consegue lidar com isso (entenda-se lidar por conciliar situação com palavra e palavra com situação). A simples inversão de prioridades, nesse caso, literalmente, estraga tudo.
Por que inversão de prioridades? Bom, se a palavra só "dá nome aos boi" como se concluiu, a tal prioridade deveria ser dada àquilo que a palavra nomea, algo que - mais interessante ainda - não tem uma palavra específica! (Afinal, o que é que precede a palavra?). Como exemplo... quem nunca teve uma sensação indescritível? O que falta é se dar conta de que a sensação (descritível ou não) é o que vai determinar a reação e, por sua vez, a palavra...

...ecstá claro?

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domingo, 12 de agosto de 2007

Música, Futebol, Beleza e Lixo

A beleza das coisas está se perdendo. Pode parecer nostalgia, mas não consigo acreditar que seja, de fato. É simplesmente uma postura saudosa de tempos que, como indivíduo, nunca presenciei; mas que, como fruto daquela geração, adoto como algo, pelo menos, mais belo.
Hoje eu vi um jogo na televisão (Grêmio 1 x 2 Corinthians)... vi um jogo, apenas, porque, quero deixar claro, eu não vi um jogo de futebol. Não quero acreditar que o futebol virou isso. Futebol, na essência da palavra, é esporte... é competição, é garra. O que vi não era esporte, não era competição, não era garra. O que vi não eram nem 2 times medíocres... porque o que eu vi não eram times. O que eu vi eram pessoas... pessoas comuns, uniformizadas, correndo de cá para lá e de lá para cá para tirar seu sustento, seu pão de cada dia. Poucos jogadores, muitas pessoas. E nós, como pessoas, somos uma torcida frustrada em querer ver futebol, mas vendo uma maioria de pessoas, nossos semelhantes, sem vontade de jogar, simplesmente atuando seu papel de jogador.
Tal como a música propriamente dita, que só pode ser encontrada fora da mídia, nos becos e esquinas onde a beleza transcende a estética, o futebol belo já não é mais profissional. Poucos, dentro dessa esfera, são jogadores propriamente ditos. Eles não mais vestem a camisa do time, eles não mais têm garra ou têm vontade. Eles não querem gols, querem, apenas, sobreviver.
E a sobrevivência não tem nada de bonito. A beleza não mais faz parte do que é divulgado - do músico na boca do povo ao jogador que joga apenas como profissão. A beleza, mais e mais, é abandonada em becos sujos, aos cuidados de uma minoria que, de fã, é obrigada a se tornar seu ideal de ídolo. E de torcedores, vamos jogando pelé... de amadores, passamos a músicos, de fato... porque não há mais diferença entre lixo e beleza estética.
Hoje, a beleza é feia...

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sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Critilo

Embora você não queira ficar à beira, quase a cair
dentro do abismo entre a loucura e a razão,
agora, você se orgulha de ser aceito sem um defeito.
Mais um poeta, um imperfeito ato primeiro
do grande ator que atua em vão.

Em vão, vão atrás de alguém que nada faz
além de ouvir quem os vê como alguém
que nada faz além de ouvir quem os vê como alguém
que nada faz além de ouvir quem os vê como alguém
que nada faz além de ouvir aquém e ver como ninguém
nada faz além de ouvir quem os tem como alguém...

(Gutiérrez)

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Devaneio

vamos chamar os amigos, os vizinhos, os familiares! Façamos a festa de comemoração no grande dia que os fortes alados sobrevoarão nossos capuzes vermelhos. Saberemos tudo que se passa, deteremos as frases sorrateiras dos mendigos fedorentos, deteremos AS VERDADES! Veremos os cães sarnentos e ferozes atrás do alimento vil, que conforta o corpo, mas deforma o espírito, de cômodo camarote. Ouviremos a sétima trombeta em ecos de 5 em 5 segundos, ninguém saberá o que se passa, mas nós...há, nós estaremos em nosso banquete maestral lambusados com gordura de coxinhas de galinha, tomando vinhos do monte olimpo, a rir desses pobres coitados encarniçados em sua própria crua e fétida camada sebosa!
somos a larva que come o cadáver d'el rei!
somos a bactéria que sintetiza o nitrogênio atmosférico!
somos a vida, meus amigos... somos a vida...
Júnior

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sábado, 4 de agosto de 2007

Um real sentido a aniversário...

Aniversário não é nostalgia, não é lamentação sobre cheiro e gosto de velhice...
Aniversário não é clichê. Não é desculpa para farra, não é.
Aniversário é sobrevivência.
"Parabéns, meu amigo, você viveu mais um ano!"

E por que o ano? Porque é redondo.
a gente adora arredondar...

Parabéns, Gutiérrez, tu estás vivo!
A redação le deseja tudo de bom.

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quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Ócio

Lá vem
Escrevendo e escrevendo só pelo ato, sabe com'é. Sai penando co'as asas da cuca, jogando o de sempre, jogo do são. Ato do auto furtivo - réquiem ao bom pensador de si a si que, fosse como fosse, não sabe nem se dia algum já foi, por ser. De nada se sabe... de nada. Quem um dia diria que...? Ninguém. Tolice.

E vão me começando os sintomas do ócio crônico e da desocupação que mata aos poucos.

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é, João...

Era outubro. Derradeiro domingo de feriado, chovia. Lá quedava-se o João, homem simples, à porta do buteco, absorto, esperando a chuva passar para seguir a pé o caminho pós noitadas pesadas farrapos/zona norte. Nos seus dezenove anos, a descoberta: não mais sentia rodar aquele mundo zonzo que o circundava nessas situações pelo simples ato de caminhar. Agora, com quarenta e seis, não relembra suas descobertas, cumpre-as. Carrancudo, olha novamente para a rua solenemente deserta. Solta um resmungo. Adentro ao bar, está Laérsio, velho companheiro. Senta-se ao seu lado, sem dirigir palavra. Há muito, o silêncio lhes tornou rotina. Mal se cumprimentam. Um companheirismo incondicional. De repente, Laérsio olha pesaroso para João, João retribui-lhe com um olhar de estranhesa, Laérsio respira fundo:
- Eu te amo.
é... que merda, ein, João

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